Márcia da Silva é natural de Juína, município mato-grossense localizado na divisa com o estado de Rondônia. Junto do marido, mudou-se para Nova Bandeirantes, onde por um ano e meio os dois economizaram para adquirir a chácara onde hoje vivem e se sustentam na comunidade Nossa Senhora de Guadalupe, localizada no município de Alta Floresta, distante cerca de 800 quilômetros de Cuiabá. 5524c
A comunidade tem cerca de 50 famílias e é uma das tantas formadas pelo estabelecimento de pequenos agricultores familiares migrantes em busca de maior qualidade de vida na região norte de Mato Grosso.
Em 2014, algumas dessas famílias uniram-se e criaram a Associação Guadalupe Agroecológica (AGuA).
O principal objetivo da formação foi possibilitar um espaço de mobilização social frente aos desafios de uma região de fronteira agrícola dominada pela pecuária extensiva e o agronegócio. “As coisas ficam mais fáceis com um grupo maior”, diz Márcia.
A agricultora ainda trabalhou durante um ano na cidade de Alta Floresta como empregada após a compra da chácara na comunidade e hoje relata os avanços que tornaram possível o cultivo se tornar a principal fonte de renda dela e das outras famílias.
“Com apoio da associação e do ICV, nossa produção, que é orgânica, foi fortalecida. Foi uma corrente tão forte que hoje nossa chácara tá cheia. A gente entrega em mercados, em casas, na feira. Temos muito apoio e esse incentivo fez a gente ter mais interesse em plantar para vender, ter mais renda.”
Fortalecimento de práticas sustentáveis
Pela iniciativa do projeto Redes Socioprodutivas denominada Rota Local, o ICV apoia a Associação Guadalupe e outras organizações na coordenação e logística pela inserção dos produtos da agricultura familiar na cadeia de alimentos dos municípios da região.
Durante a pandemia provocada pelo novo coronavírus (COVID-19), um protocolo de segurança sanitária possibilitou a continuidade das atividades da iniciativa, assegurando renda aos pequenos agricultores familiares e garantindo a oferta de hortifrutigranjeiros de qualidade produzidos localmente e de modo sustentável à população de Alta Floresta.
A associação é uma das 20 organizações de seis municípios beneficiadas pelo projeto de financiamento do Fundo Amazônia e executado pelo ICV para o fortalecimento das cadeias produtivas implementadas de forma sustentável na região norte e nordeste do estado.
Nos últimos anos, a produção agroecológica da comunidade ou a ser fortalecida pelo o a projetos de fomento.
Pela associação, a comunidade também foi beneficiada pelo projeto Hortas Agroecológicas, que resultou em melhorias nos sistemas produtivos pela aquisição de sementes, equipamentos, kits de irrigação e insumos agrícolas para hortas e agroflorestas.
Além da produção sem agrotóxicos, insumos químicos nocivos à terra e à saúde humana, a agroecologia é baseada no princípio da economia justa e solidária – que prevê a cooperação e união das famílias agricultores que reflitam em resultados coletivos para a comunidade.
O agricultor associado Adir Rodrigues da Silva acredita no princípio e corrobora o atestado por Márcia.
“Unidos temos mais forças para lutar pelos direitos e conseguir recursos também”, afirma.
Paranaense, a família de Adir chegou na comunidade há 18 anos, onde continuou o trabalho que realizava com o método bioenergético, que utiliza ervas medicinais para sanar possíveis desequilíbrios no corpo que podem resultar em enfermidades.
“Já trabalhávamos com plantas medicinais que não podiam receber veneno e aí deixamos de usar em todo o resto”, conta.
A prática bioenergética deixou a comunidade conhecida pela técnica, hoje responsável por atrair visitantes de fora para os consultórios instalados por alguns dos comunitários que também atendem em outros municípios. O método, de eficácia comprovada, também é uma das 29 práticas integrativas complementares reconhecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Escola rural
Pelo engajamento dos comunitários não só nas atividades produtivas, mas também em ações educacionais e recreativas, os projetos da associação visam a permanência na área rural pelas melhorias na qualidade de vida e valorização da cultura.
Resultado da vontade de pais e mães de oferecer aos filhos uma educação mais relacionada ao campo e à floresta, em 2017 a associação implementou a Escola Comunitária Ciranda da Terra.
O centro educativo atualmente atende 19 alunos com a proposta de oferecer uma educação rural inovadora, baseada no respeito ao meio ambiente e à individualidade de cada criança, e conta com o apoio da Secretaria Municipal de Educação de Alta Floresta.
Pela associação, em 2019 a escola obteve recursos da Biblioteca Comunitária do Banco da Amazônia para a compra de livros, material de divulgação e estruturação da biblioteca. “Os agricultores gostam do ensino e todo mundo está satisfeito com a nova escolinha”, ressalta Márcia.
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