Controle de insetos e doenças, adubação adequada, correção de solo, manejo de animais. São diversos os temas das trocas de mensagens, fotografias e vídeos pelas quais os técnicos do Instituto Centro de Vida (ICV) assessoram agricultores familiares de Mato Grosso desde março, quando iniciou a pandemia do novo coronavírus (Covid-19). 421q2e
O o precário a internet, entretanto, limita o alcance da assessoria, que ainda exige idas à campo para a implementação e monitoramento adequados de métodos de produção sustentáveis na região norte e noroeste do estado.
Para seguir apoiando grupos da agricultura familiar da região, a instituição decidiu retomar parcialmente as atividades em campo com um protocolo de segurança sanitário.
As medidas estabelecidas incluem uso obrigatório da máscara, distanciamento físico, higienização de objetos e veículo e limitação a uma pessoa atendida por visita.
As atividades integram o projeto Redes Socioprodutivas, implementado desde 2018 pelo ICV com financiamento do Fundo Amazônia para apoiar os empreendimentos comunitários nas cadeias produtivas de hortifrutigranjeiros, pecuária leiteira, café, castanha-do-Brasil, cacau e babaçu com métodos de produção sustentáveis e economicamente viáveis.
Medição de áreas, acompanhamento de construções de empreendimentos comunitários, avaliação de restauração florestal em áreas degradadas e apoio técnico em propriedades com sistemas agroflorestais (SAFs) e em transição para o manejo orgânico são algumas das ações que exigem as presenças dos técnicos em campo.
“Além da conversa ‘olho no olho’, mesmo que com máscara, o que sempre foi importante no contato com os grupos”, constata Eduardo Darvin, um dos coordenadores do projeto.
OS EFEITOS DA CRISE
Para Eduardo, a necessidade de fortalecimento da agricultura familiar é acentuada durante a pandemia, que afeta o fluxo de produtos na região. Distantes mais de 800 quilômetros da capital Cuiabá, os municípios atendidos pelo projeto têm o suprimento de alimentos impactado pela crise sanitária.
Além disso, são necessárias medidas para manutenção da renda nas comunidades rurais. “Investir em empreendimentos locais e em ciclos curtos são essenciais para alavancar o desenvolvimento regional e garantir o abastecimento de alimentos de qualidade na região”, afirma.
Camila Rodrigues, coordenadora do projeto, ressalta a alta vulnerabilidade dos agricultores familiares no período. “Tem o impacto da suspensão das aulas, do fechamento das feiras livres, da diminuição de demanda e dos preços baixos”, cita.
Neste mês, o presidente Jair Bolsonaro vetou o Projeto de Lei 735/2020, que, entre diversas outras medidas de apoio à agricultura familiar, estendia o auxílio emergencial para a categoria.
O título de agricultor(a) familiar não é contemplado pelo auxílio governamental em vigor e, para receber o amparo financeiro, os produtores teriam que se declarar como autônomos, o que acarreta riscos.
“É uma demanda e uma mobilização de grupos sociais e populares que representam a agricultura familiar no Brasil. A categoria não está contemplada no auxílio emergencial do governo. Se declarar como autônomo pode levá-los a perder outros benefícios da classe”, explica a coordenadora.
Desde o início da pandemia, a única atividade não remota mantida pela instituição foi a Rota Local, iniciativa que apoia no fornecimento de hortifrutigranjeiros da agricultura familiar ao mercado local de Alta Floresta.
Com um protocolo de segurança, o projeto garante o abastecimento de produtos da agricultura familiar na cidade e mantém renda às 17 famílias atendidas durante o período de crise sanitária e econômica no país.
O À INTERNET DEFICITÁRIO
Não são todos os agricultores que podem manter o contato à distância com os técnicos do ICV. Em realidade, são uma minoria.
Um levantamento realizado pelo Programa Negócios Sociais do ICV mostrou que o o à internet é inexistente ou limitado para a maioria dos agricultores familiares da região.
Em Cotriguaçu, apenas 13,6% dos agricultores familiares têm o à internet. Em Paranaíta, o número é de 14,3%, Nova Monte Verde, 33,2%, Nova Bandeirantes, 34,2%.
Alta Floresta, principal centro urbano da região, tem menos da metade, com 43,3% dos agricultores familiares conectados. A dificuldade se estende às linhas telefônicas.
Dos municípios citados, o Redes Socioprodutivas atende 16 organizações comunitárias da área rural.
Eduardo cita a Comunidade Nossa Senhora de Guadalupe, onde mora, e localizada a apenas 15 quilômetros de Alta Floresta. “É perto da cidade e não tem várias das operadoras de linha telefônica, por exemplo.”
A desigualdade digital é escancarada diante da situação atual do país, quando o o à informação é crucial para garantia da saúde e o mercado de trabalho exige, nas mais diversas instâncias, a presença online.
“A internet não é uma realidade nas áreas rurais e hoje é uma ferramenta essencial para qualquer tipo de trabalho e profissão. Para os agricultores familiares, não é diferente. Especialmente agora na pandemia, é pela internet que eles podem se informar sobre o mercado, criar estratégias de vendas dos produtos e compras de insumos, se comunicar entre si. Mas mais uma vez esses agricultores ficam na periferia de toda a estratégia de manutenção dos modos de vida”, avalia Camila.
MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA O CORONAVÍRUS
As assessorias presenciais aos grupos rurais serão limitadas às situações em que não foi possível uma resolução remota e serão exclusivas às propriedades que receberam apoio direto na implementação de práticas sustentáveis pelo projeto e infraestruturas que necessitem de acompanhamento constante.
A realização do atendimento dependerá do aviso prévio da visita com horário marcado, o uso de máscara e a manutenção do distanciamento de três metros entre os envolvidos, de acordo com as recomendações das autoridades de saúde.
É também vetado o atendimento a mais de uma pessoa por vez e o ingresso dos técnicos em casas e dependências da comunidade rural, além do contato físico sob quaisquer circunstâncias.
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