Em Cáceres, intercâmbio trouxe histórias de vidapara a roda de diálogo. Foto: Sucena Shkrada Resk/ICV 36s54
Uma distância de aproximadamente 2000 quilômetros (ida e volta) foi percorrida por um grupo de agricultores familiares do Projeto de Assentamento Nova Cotriguaçu, de Cotriguaçu, Mato Grosso, e representantes respectivamente do conselho do Parque Nacional do Juruena (Parnaju), da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Agricultura e Assuntos Fundiários de Cotriguaçu e do distrito de Agrovila, entre os dias 9 e 13 de maio. O grupo participou da visita de intercâmbio a dois grupos de mulheres da Associação Regional de Produtoras Extrativistas do Pantanal (Arpep) – Grupo Frutos da Terra, em Cáceres, e ao Grupo das Margaridas, no Assentamento Margarida Alves, em Mirassol D`Oeste, também localizado no Estado, com uma peculiaridade interessante: o encontro também possibilitou a troca de experiências entre a realidade do bioma amazônico com o bioma cerrado. A organização foi do Instituto Centro de Vida (Vida) e da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE). Durante a programação, os participantes trataram dos seus processos locais de extrativismo e beneficiamento de babaçu, fizeram atividades práticas conjuntas de produção de biscoitos, além de visitas de campo em babaçuais. Um dos pontos altos do encontro foi a possibilidade de desenvolverem diálogos, que envolveram histórias de vida, desafios e conquistas dessas comunidades de pequenos produtores rurais, que se esforçam para manter suas raízes e permanecer no campo e proporcionar uma alimentação saudável.
“O nosso grupo Frutos da Terra utiliza somente o mesocarpo e a casca do babaçu e o restante segue para adubação da horta”, contou Érica Kazue Sato Catelan, presidente da Arpep. O processo envolve da coleta da matéria-prima, com a ajuda dos homens das famílias à panificação, com produção de biscoitos e pães em cozinha montada em estrutura própria, na comunidade, que seguem para a merenda escolar de uma escola e à Fundação Terezinha Mendes. “Também atendemos demandas de feiras e eventos, como encomendas, e o nosso objetivo é ampliar o número de integrantes, que hoje são quatro mulheres e um homem”, complementa. A segunda visita feita pelo grupo de Cotriguaçu ao Grupo das Margaridas, composto por 12 integrantes, possibilitou a observação e troca de experiências em um assentamento. As agricultoras trabalham um dia por semana com fabricação de pães e biscoitos, que são vendidos para a merenda escolar e também comercializam farinha de mesocarpo para pastorais de Cuiabá e Tangará, utilizada na multimistura. Mais um produto do grupo é o óleo de babaçu, que tem como uma de suas utilidades, a hidratação de cabelo.Em ambos os grupos, os produtos já possuem embalagens com identidade visual e a marca “Do Cerrado”, da Arpep e estão sendo aprimorados para atender as exigências de mercado, com apoio do ISPN.
Agricultoras familiares exercitaram receitas
nas cozinhas dos grupos da Arpep.
Foto: Sucena Shkrada Resk/ICV
Com isso, têm a possibilidade de participarem de Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Essas conquistas mudaram a vida da gente. Hoje temos autonomia e nós, mulheres, ajudamos a família”, reforçou Érica. Para Maria Margarida de Oliveira Barbosa, do Grupo de Mulheres da Paz, da comunidade Santa Clara, do PA Nova Cotriguaçu, a experiência foi positiva para poderem amadurecer a constituição da identidade visual de seus produtos futuramente, que hoje são farinha de mesocarpo e óleo de babaçu, que resultam em receitas de bolachas, bolos, doces e mingaus. Para Leidimar Maria Eloy Mora, do Grupo de Mulheres Unidas, da comunidade Ouro Verde, a visita e participação na produção das bolachas, também deu novas ideias para levar às suas companheiras, que fazem farinha de babaçu para composição de ração animal, e querem diversificar suas produções para alimentação humana. Uma das novidades, durante o intercâmbio, foi a criação de uma receita experimental de macarrão com farinha de babaçu, feita por integrantes do grupo de Mulheres Bolacha Isis da Agrovila, de Cotriguaçu, que participaram do intercâmbio. A iniciativa foi bem aceita no momento de degustação coletiva.
Os cadernos de anotações das participantes a cada momento eram preenchidos com mais um item de novidade que queriam levar para suas comunidades e o diálogo também causou emoção para muitos dos participantes, pois se identificaram no esforço que todos fazem para conquistar um espaço e propiciar uma vida melhor às suas famílias. Os grupos também trocaram produtos que fazem para poderem conhecer melhor os seus trabalhos. Depois do encontro, a proposta é que a Arpep possa levar representantes a Cotriguaçu em visita que deverá ser marcada em data a ser definida. Uma das curiosidades da associação é poder conhecer equipamentos adquiridos pelos grupos de mulheres de Cotriguaçu para facilitar o processamento do babaçu.
Em Mirassol D`Oeste, participantes de Cotriguaçu
vivenciaram experiências de outros assentados,
no Cerrado. Foto: Divulgação/ICV
O intercâmbio foi apoiado diretamente pelo ISPN, que é parceiro dos diferentes grupos representados no intercâmbio, e pelos seguintes projetos: Construindo Estratégias de Produção Sustentável para Agricultura Familiar na Amazônia Mato-grossense, uma ação do Instituto Centro de Vida (ICV), financiada pelo Fundo Vale; e de Promoção do Extrativismo Sustentável do Babaçu e do Desenvolvimento Comunitário em Cotriguaçu (Coopercotri/ISPN), com contribuições da FASE e da Arpep.
Veja também:
Cadeia socioprodutiva do babaçu é foco de estudo no noroeste mato-grossense
Antes mesmo do início do período mais crítico do ano, Mato Grosso foi o estado responsável por mais da metade das queimadas registradas na Amazônia no 1º semestre de 2023. Foram 4.704 focos de calor,...
ver maisA maior área desmatada na Amazônia em 2022 foi registrada em Colniza, município no interior de Mato Grosso, localizado a 1,042 km da capital Cuiabá. A informação consta no Relatório Anual de Desmatamento (RAD 2022)...
ver maisParte da digestão da vaca acontece no rúmen, um local do estômago em que os microrganismos degradam o alimento por meio da fermentação. Mas, sabia que é possível imitar este processo em uma incubadora de...
ver maisRua Estevão de Mendonça, 1770, Quilombo
Cuiabá – MT – Brasil
CEP: 78043-580
+55 (65) 3621-3148
Av. Ariosto da Riva, 3473, Centro
Alta Floresta – MT – Brasil
CEP: 78580-000
+55 (66) 3521-2844
Fique por dentro dos nossos conteúdos exclusivos para você.
© 2020 - Conteúdo sob licenciamento Creative Commons Atribuição 2.5 Brasil ICV - Instituto Centro de Vida | Política de Privacidade
Concepção e Design: Matiz Caboclo | Manutenção e atualização: Kasterweb