A agricultora familiar Sandra de Souza Meiado, de Carlinda, no norte de Mato Grosso, começou a plantar frutos e hortaliças por necessidade. Ela e o marido estavam sem fonte de renda e viram na agricultura uma forma de ganhar a vida. Tudo foi feito de forma improvisada, seguindo as orientações apenas dos profissionais das casas de agropecuária. 113b54
O casal saía das lojas com produtos químicos e agrotóxicos, vendidos com a promessa de que a produção seria saudável e farta. Não foi isso o que aconteceu. Grande parte da primeira leva do plantio deles, de 4 mil pés de abacaxi, foi perdida por conta do sol forte e trouxe prejuízos para os agricultores.
Sandra, então, se questionou sobre a existência de uma forma diferente de plantar e produzir, até que conheceu o Instituto Centro de Vida (ICV). Ela começou a ter um contato maior com os técnicos do programa de Negócios Sociais e participar de palestras sobre o plantio orgânico e agroflorestal.
“Hoje a gente já entende algumas coisas que não sabíamos antes e começamos a aplicar na nossa propriedade. A gente já viu uma diferença enorme. A própria folha que cai da árvore, por exemplo, protege a terra, dá matéria para a terra. Isso é muito bom”, disse.
Na última semana, uma dessas oficinas, sobre sistemas agroflorestais, foi sediada na propriedade de Sandra. O coordenador de Negócios Sociais do ICV, Eduardo Darvin, foi um dos palestrantes na ocasião. Ele explicou que o modelo que se dá a agricultura convencional moderna surgiu há pouco tempo, por volta de 1960.
“A utilização de agrotóxicos e maquinário pesado, começou na chamada Revolução Verde, logo após a Revolução Industrial. Teve uma escalada na tecnologia direcionada a agricultura. A agricultura, até então, funcionava de formas tradicionais, cada povo do planeta utilizando suas sementes, suas variedades e suas ferramentas próprias”, explicou.
A implementação dos sistemas agroflorestais, de acordo com ele, preza pelo resgate do conhecimento do que o ser humano sabia fazer antes deste período, mas sem retroceder. Este conhecimento ancestral é adaptado a realidade atual para que as produções sejam rentáveis para os agricultores, saudáveis para os consumidores e mais harmônicas para o meio ambiente.
“Os agricultores já têm muitos desses conhecimentos tradicionais, que aprenderam com os pais, com os avós, mas a lógica do sistema enterrou esses saberes e inibiu o agricultor de ter essa capacidade. Resgatar esse conhecimento é continuar andando para frente.”
A agricultora familiar Lindalva Aparecida Silvestre, de Alta Floresta, a pouco mais de 30 quilômetros de Carlinda, também foi uma das participantes do evento. Ela trabalha com a terra há 23 anos, mas concluiu há pouco tempo que gostaria de aprender a plantar de um jeito diferente, que não seja nocivo ao meio ambiente.
“Nosso meio ambiente está mudando muito. Já não tem mais aquele verde, aquela natureza. Se a gente não cuidar, daqui uns 10 anos vai estar tudo diferente. Como eu tenho 4 netos, eu tenho que pensar neles e no futuro, não só em mim. Pensar nos meus netos, e depois dos filhos dos meus netos. Preciso buscar conhecimento e aprender”, concluiu.
A ação
A oficina de agrofloresta e a implementação de um sistema agroflorestal na propriedade de Sandra são financiados pelo programa Rewild, gerido pelo Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), com recursos da União Europeia.
Um representante de cada organização esteve no evento para ver de perto a implementação dos recursos pelo ICV.
O perito para revisão de projetos financiados pela União Europeia, Eduardo Sobral Limbert, citou a importância da abordagem proposta no evento, a de transformar a agricultura tradicional em agricultura orgânica.
“Percebi, ao falar com os agricultores ali presentes, que eles estão de fato convencidos de que esta é uma abordagem com a qual todos têm a ganhar, porque o solo está exaurido e essa proposta de agricultura orgânica permite de alguma forma corrigir o solo e torná-lo mais resiliente”.
Já o gerente de projetos do FUNBIO, Dante Novaes, explicou que a principal missão do fundo é aplicar recursos financeiros e criar mecanismos que beneficiem estratégias para a conservação da biodiversidade do Brasil.
“O ICV é um parceiro, não só neste processo, mas em outros. É um trabalho de muito impacto e a gente vê como muito positiva a atividade que o ICV desenvolve com os diversos públicos que o ICV interage”.
A expectativa é que o projeto apoie a implementação de 50 hectares de agroflorestal na região norte de Mato Grosso, distribuído em 46 propriedades, de 2022 a 2023.
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